Tive de pensar imediatamente em mamãe, que adorava esse chocolate e até fez uma bola imensa com suas folhas douradas.
Um perfume diferente saía de dentro da caixa e fiquei meio de cisma, pois a pessoa que me deu tal presente afirmou que se tratava de um chá, coisa da qual eu gosto, e não de chocolate, coisa da qual não gosto.
Resolvi abrir um desses "chocolates" e, veja o que saiu:
Uma lástima que ainda não inventaram foto com cheiro, pois realmente o cheiro que sai dessa bola é algo bem diferente do que se conhece.
Revirando a embalagem vi uma inscrição que entedi: "Lemon Tea".
Resolvi fazer um chá para ver que gosto tinha. A coisa toda ficou com essa cara:
O gosto é bom. Tem mesmo um gosto de limão com chocolate. Deduzo que se trata de fato de um limão que foi seco e depois recheado com chá. Vou guardar a bolinha para fazer mais vezes. Acredito que seja esse o espírito da coisa.
Eram seis
e meia da manhã da quinta, 23 de abril de 2015, quando tirei a foto acima às
margens do Rio Meno, a caminho do serviço. Ainda teria de trabalhar meio dia,
para então pegar o avião que sairia às 13:40 do Aeroporto de Frankfurt am Main
rumo ao Aeroporto de Nagoya no Japão.
"Mas
por quê cargas d'água você quer ir ao Japão", não cansaram de me
perguntar. Uma resposta definitiva eu não tinha, mas me deu vontade e isso para
mim já é motivo mais do que suficiente.
De fato, um atávico motivo poderia até existir:
Há
cinqüenta anos, lá no remoto ano de 1965, um ano bastante definitivo em minha
vida, meu pai um dia chegou com a novidade: iríamos nos mudar para o Japão.
Como já naquela época eu era fascinada por viagens e culturas diferentes,
enchi-me de alegria: iria me mudar para um outro país.
Por qual
motivo essa transferência não deu certo eu não sei dizer. Nunca me contaram e
eu também não mais me interessei. A frustração foi grande e eu repeti de ano na
escola. Se por conta da mudança que, no final das contas não aconteceu, eu não
sei mais dizer.
Para a
viagem ao Japão eu havia inicialmente escolhido a primeira semana de maio, em
função do feriado, mas vendo melhor, resolvi antecipar por uma semana, pois um
dos objetivos de minha viagem era ver e fotografar a florada das cerejas.
Assim
marquei férias, reservei um hotel e marquei a passagem para o dia 23 de abril,
com a volta marcada para o dia primeiro de maio.
Havia
escolhido ficar a semana inteira em Kyoto. Por qual motivo? Nenhum motivo específico.
Senti-me atraída pela cidade pelo seu patrimônio cultural da Humanidade e
também por a florada da cereja de Kyoto ser famosa.
Últimos preparativos para o vôo LH736 (Franfkurt -> Nagoya) do dia 23.04.2015
Foi um
vôo de 12 horas bastante tranqüilo, já que o avião estava praticamente vazio.
Mas, no meio da noite, deu-se um hilário diálogo entre mim e o comissário
japonês:
Comissário:A senhora
tem família no Japão?
Eu:Não, senhor, não tenho.
Comissário:Mas a
senhora vai se encontrar então com conhecidos no Japão?
Eu:Não, senhor, não tenho
conhecidos no Japão.
Comissário:Então a
senhora vai se juntar a algum grupo de turistas?
Eu:Não, senhor, não vou me
juntar a nenhum grupo de turistas no Japão!
Comissário:Mas, o
que então a senhora vai fazer no Japão?
Eu:(Em alto e bom som) Férias!
Comissário:Quer
dizer que a senhora está indo para o Japão sozinha para fazer férias?
Eu:Exatamente.
Comissário:Mas
porque o Japão?
Eu:Porque não conheço e quero
conhecer.
O
Comissário ficou com uma cara de quem nada entendeu, ar de espanto
espantosíssimo e eu achei o diálogo no mínimo surreal. A comissária que estava
ao lado ouvindo a conversa caiu na risada e disse que nunca tinha visto o
colega conversar tanto e que não era de seu feitio fazer assim perguntas para
as pessoas, mas tanto um quanto o outro acharam muito legal que eu fosse fazer
férias no Japão sozinha. Tentaram me dar dicas sobre comida, muito simpático da
parte deles, mas de nada adiantou. A comida é o meu calcanhar de Aquiles, mas
isso já sei de outras viagens.
Ao chegar no Aeroporto de Nagoya a primeira surpresa: por todo o
corredor um risonho Christiano Ronaldo cumprimentando as pessoas do alto de um
cartaz repetido a cada cinqüenta metros e as placas indicativas eram também em
língua portuguesa. Se por conta dos portugueses ou dos Dekassegui brasileiros
eu não sei dizer. De qualquer forma a séde da Toyota – em 2014 o maior
fabricante de automóveis do mundo – fica logo ali ao lado e penso que esse
aeroporto seja então a porta de entrada dos trabalhadores estrangeiros dessa
empresa.
O
controle de passaportes foi sem maiores problemas, mas a mala foi controlada na
alfândega. A impressão que tive é que todas as malas são controladas na
alfândega. Mas também foi rápido e vi-me então no saguão do aeroporto, onde
minha primeira providência foi tirar dinheiro local num ATM.
Novamente a surpresa: o ATM falava português! Assim, tirei meu dinheiro
e o próximo passo seria então encontrar um meio de chegar a Kyoto.
Encontrei um guichê de venda de passagens e disse que queria ir a Kyoto,
ao que o risonho japonês me disse que eu teria de primeiro comprar uma passagem
até Nagoya e lá comprar uma passagem para Kyoto. Não dava para comprar tudo de
uma vez pois eram companhias diferentes que faziam o trajeto e do aeroporto não
saía nenhum trem direto para Kyoto.
Assim, lá me fui para Nagoya, num trem que só falava japonês e onde
também só se encontravam japoneses.
Chegando na monstruosa estação ferroviária de Nagoya, quis dar uma de
entendida e fui comprar uma passagem para o famoso trem-bala Shinkansen
diretamente no automático.
Muito orgulhosa com minha passagem comprada lá me fui para a plataforma
de embarque que se alcança passando por uma cancela como no metrô de Paris:
coloca-se a passagem em uma ranhura e ela sai do outro lado e abre-se a
cancela.
Só que a minha passagem não abriu cancela alguma. Saía do outro lado e
nada. Eu já estava ficando alarmada, quando um simpático japonês, encarregado
de controlar as entradas dos passageiros, me disse que estava falando um papel,
ou seja, para eu poder passar teria de entrar com dois bilhetes.
Voltei correndo para o automático onde havia comprado a passagem,
pensando que talvez tivesse esquecido a segunda parte na máquina, mas por lá
nada havia. Fui então no guichê - onde deveria ter ido logo de cara - e contei
da minha desventura, ao que o simpático japonês, em um inglês bastante
rudimentar, me explicou que eu havia comprado apenas um assento para o trem e
não a passagem! Ou seja, havia perdido o trem do assento, mas isso não se
mostrou problema, já que ele me deu um novo assento e me vendeu a passagem
que faltava.
Com isso eu fui feliz e contente para a plataforma de embarque, já que
com as duas partes a cancela abriu-se feito um Sésamo.
Vista da plataforma de embarque em Nagoya
O trem
não pára entre Nagoya e Kyoto e em quarenta minutos cheguei na estação de
Kyoto. Para quem já andou de TGV e ICE, o Shinkansen não oferece grandes
novidades. Mas é um grande conforto e uma experiência imprescindível.
Foto tirada a 300 km/h
A
paisagem passa tão depressa que mal dá para se fotografar alguma coisa.
Chegando
em Kyoto, resolvi ir pelo meu tradicional caminho, qual seja, procurar usar os
meios de transporte público de uma forma barata.
Ainda em
Frankfurt eu havia me informado em uma Agência de Turismo japonesa sobre o
passe de trem de validade de sete dias, a módicos 300 €. A simpática japonesa
me perguntou qual roteiro que eu pretendia fazer, ao que lhe disse que chegaria
de avião em Nagoya e de lá iria para Kyoto e a mesma coisa de volta.
Perguntou-me se eu pretendia viajar pelo Japão de trem, ao que eu lhe disse que
não, que iria ficar somente em Kyoto. Fez-me uma conta e disse que não valia a
pena gastar 300 € para um passe que eu não iria usar. As passagens de trem que
eu teria de pagar seriam menos da metade do preço. Devo dizer que esse passe de
trem só se pode adquirir fora do Japão. Uma vez lá estando, não dá para comprar
mais. Eu decidi então não comprá-lo, mesmo porque ele não dá direito a se
viajar com o trem-bala e isso eu queria fazer de qualquer forma.
Estação Ferroviária de Kyoto
Interior Estação Ferroviária de Kyoto
Assim,
cheguei eu na estação de Kyoto. O prédio é tão majestoso que lá dentro existe
até uma maquete dela feita de lego.
Maquete da estação de Kyoto
Fui então
em busca de uma possibilidade de andar de transporte público local, com o que
cheguei no Escritório de Turismo da cidade que fica dentro da estação. Lá vi
que havia a possibilidade de se comprar por dois mil yens um cartão
válido por dois dias. Junto vem um mapa com todos os pontos de parada de
ônibus, metrô e vai por aí afora.
Com esse cartão dirigi-me então ao hotel que havia reservado. Duas
estações de subway e duas quadras a pé.
Primeiras impressões
Primeiras impressões
Entrada do hotel (onde está entrando o senhor de verde)
Cheguei
sem maiores problemas ao hotel por volta do meio-dia. A simpática mocinha da
recepção disse-me porém que eu não poderia entrar no quarto antes das três.
Fazia um tremendo calor, com o que troquei de roupa, larguei a mala no saguão e
fui andar.
Primeiro passeio
Bicicletas por todo lado
Senti-me uma perfeita analfabeta
Tudo tão diferente
Mais bicicletas
Pelo menos não vou passar fome
Bicicletas e mais bicicletas
Impressionante
Eu já
estava mais do que encantada com tudo o que estava vendo, quando me deparei com
meu primeiro templo em Kyoto.
Há
que se considerar que Kyoto possui 1.600 templos budistas e 400 templos
xintoístas. De 794 a 1869 foi a capital do Império Japonês e na Segunda Guerra
estava em primeiro lugar na prioridade das cidades que deveriam ser
bombardeadas com a bomba atômica. Graças à intervenção do Ministro da Defesa
Americano, Henry L. Stimson, que havia visitado a cidade antes da guerra,
foi retirada da lista.
Chōzuya ou temizuya xintoísta para a purificação
Sem legenda!
Templo Shoukou
Lateral
Entrada
Não consegui ler
Lugar para se encaminhar os pedidos
Lindo jardim
Depois de
almoçar um Cesar Salad continuei meu passeio, pois ainda não havia dado a hora
de voltar ao hotel para o check-in.
Vitrine de moda ocidental para noivas japoneas!
Canal
Ruela atravessando o canal
que desemboca em um rio
À beira do rio
Voltando ao hotel
Chegando
de volta ao hotel, a simpática mocinha da recepção deu-me então as instruções e
perguntando se eu queria café-da-manhã, que não era incluso na diária. Disse-me
que se eu reservasse o café-da-manhã com ela pagaria 700 yen, se resolvesse no
dia seguinte direto no restaurante, pagaria 800 yen. Disse-lhe então que iria
reservar para um dia, pois queria experimentar. Se desse certo voltaria para
reservar os demais dias.
Fui-me então para o quarto no sétimo andar, morrendo de cansada, pois já
estava cerca de 24 horas sem dormir, já que não consigo dormir no avião.
O quarto era um espanto: minúsculo mas grande ao mesmo tempo. Penso que
os japoneses sejam os campões mundiais em aproveitamento de espaço.
Uma cama de excelente tamanho
Interessante
o travesseiro: de um lado duro e do outro lado menos duro. O colchão também por
demais de confortável. A lateral praticamente substitui um armário.
O show: uma máquina de lavar roupa
Maravilhas da modernidade: num quarto
minúsculo ainda tem lugar para uma máquina de lavar roupa. Para secar havia no
banheiro uma cordinha enrolável que vai de um lado ao outro no chuveiro.
Tábua de passar calças.
Você acerta a calça, coloca as pernas aí
dentro e aperta um botão. Em alguns minutos a tua calça está passadinha e com
vinco!
Um umedecedor que não sei como funciona. Esse só falava japonês e nada entendi.
Frigobar, onde só havia uma garrafa de água que todos os dias era renovada. Fazia parte da diária.
O banheiro também pequeno, mas de tamanho mais do que suficiente.
Várias opções.
Espaço muito bem utilizado.
E assim terminou o meu primeiro dia no
Japão. Dormi como uma pedra, já que a cama era por demais de confortável.
Quase dois anos são passadosdesde
que fiz essa viagem ao Egito e, por algum incerto e insabido motivo, o final
ficou enrolado no computador, escrito porém não publicado, com o que está aí
como uma enorme pedra no meio de meu caminho.
Como pretendo retomar esse blog também por
causa de uma viagem, vejo-me na obrigação de finalmente postar o final da
viagem ao Egito, nem que seja apenas por uma forma de aliviar a minha
dor-na-consciência-por-deixar-algo-inacabado.
Furto-me de maiores detalhes sobre a maldição do
faraó. Apenas posso dizer que já a partir de quinta de noite as minhas
refeições passaram a ser chá de hortelã com erva cidreira e alguma torrada,
quando disponível.
O próximo passeio estava agendado para as 16 horas,
conhecer a cidade de Assuan. Não que eu já estivesse em condições normais, mas
pelo menos dava para aproveitar alguma coisa. Além disso pouco foi feito a pé,
com o que bem ou mal participei do passeio que já havia pago. Aliás que esses
passeios em Assuan foram pagos à parte. Como disse alhures, foi a alternativa
que encontramos para o passeio que não fizemos a Abu Simbel. Os chineses preferiram ir a Abu
Simbel, com o que o refeitório no chafé-da-manhã e no almoço estava bastante
razoável, já que o passeio a Abu Simbel sai por volta das 2:30 da madrugada e
volta só de tarde.
Mohammed disse que acha a cidade de Assuan mais bonita
e mais interessante do que Luxor – que é onde ele mora – mas eu não sei o que
dizer a respeito. Da próxima vez que for ao Egito vou dar um jeito de conseguir
ir visitar todos esses lugares por conta própria, para poder ter de fato uma
impressão do país e do povo, pois com um guia te levando para cima e para baixo
limita por demais a percepção da coisa.
Conhecer a cidade significou visitar uma mesquita e
uma igreja copta. Pelo menos a gente pode tirar fotos, mas em troca teve de
tomar uma baita aula de islamismo. Confesso que não prestei muita atenção nas
explicações de Mohammed. No dia em que eu achar que preciso saber como funciona
o islã em todos os seus detalhes eu compro uns livros e leio, coisa que penso
que nessa vida não vá acontecer mas, nunca se deve dizer dessa água não
beberei.
Penso que para mulheres educadas no mundo ocidental o
islã é por demais de complicado.
A mesquita que visitamos em Assuan
Fomos em seguida à igreja copta. Finalmente uma igreja
dessas onde se podia fotografar. Lá dentro havia uma espécie de aula de
catecismo, pelo menos foi assim que entendi a coisa. Obviamente não entendi uma
palavra e a cantilena também me pareceu estranha. Mas a igreja é relativamente
nova e, pelo visto, bastante freqüentada.
Interior da igreja copta
Saindo de lá Mohammed levou-nos a um típico café
egípcio no alto de um morro de onde se tinha uma fantástica vista do rio Nilo e
assim pude fotografar mais um lindo por-do-sol.
Por-de-sol no café egípcio na cidade de Assuan
Eu não quis tomar e nem comer nada. Fica em aberto se
aquilo de fato era um autêntico café egípcio. De qualquer forma me pareceu mais
uma biboca daquelas que você eventualmente encontra nas margens do Amazonas em
Belém. Talvez seja algo típico de riozão, quem o sabe.
Típico café egípcio
De lá fomos ao Bazar. De acordo com Mohammed Assuan é
o melhor lugar para se comprar especiarias e condimentos. Levou-nos a um
estabelecimento, onde disse que compra também os condimentos para sua mulher.
Katrin gastou uma fortuna nessa compra, e eu sequer tomei conhecimento da
coisa, já que não me interesso por arte culinária e doente do estômago menos ainda.
Loja de especiarias no bazar em Assuan
Depois da compra de especiarias ainda ficamos andando
pelo bazar, onde misteriosamente não fomos tão atacadas pelos vendilhões como
nos templos egípcios. Katrin comprou ainda alguns souvenirs, que a meu ver
foram caros demais. Eu não me interessei por coisa alguma. Criei trauma contra
os vendilhões. Em outra banca ela comprou duas camisetas para Luis e em seguida
voltamos para o navio.
Achei a 25 de março em Sampa mais interessante do que
aquele bazar e gostaria muito de conhecer um shopping center egípcio, lugar ao
qual infelizmente nenhum dos guias nos levou.
Voltamos para o navio na hora do jantar, que no meu
caso restringiu-se ao chá com torradinha e fui dormir cedo.
No dia seguine, sábado, o navio retornou sua viagem a
Luxor, mas somente depois do almoço, já que na parte da manhã os chineses ainda
tinham de visitar algumas preciosidades egípcias. No navio existe a
possibilidade de um cruzeiro de uma semana, como Katrin e eu compramos ou
apenas dois ou quatro dias, como foi o caso dos argentinos e dos chineses. Via
de regra os passeios são contratados à parte.
Na parte da manhã a maioria dos passageiros que ficou
no navio por já ter visitado tudo o que havia para ser visitado ficou no deck
superior, inclusive a minha doente pessoa, que aproveitou para adiantar a
escritura dessa aventura. À uma da tarde, bem na hora do almoço as cortinas do refeitório se
abriram: estávamos novamente navegando.
Nesse dia fomos visitar o templo de Comombo, que ficou
faltando na ida por causa da doença de Luis.
Templo de Comombo
Os antigos egípcios acreditavam que os deuses enviam à
terra manifestaçõe físicas de si mesmos em forma de seus animais totêmicos.
Assim nos templos de Sobek um crocodilo vivo, reconhecível através de marcas
específicas, era visto como contendo uma centelha divina e era tratado e cuidado
pelos religiosos durante toda sua vida. Depois de sua morte o espírito do deus
iria se mudar para o corpo de um outro crocodilo, enquanto que o crocodilo
morto era mumificado e enterrado cerimoniosamente em um cemitério especial.
Peregrinos que vinham rezar a Sobek também davam ofertas votivas em forma de
pequenos crocodilos mumificados, stelae ou estátuas do deus, que também então
seriam enterrados em cemitérios como o de El-Shaib.
Adoração ao Deus Sobek
Museu do crocodilo em Comombo
O templo de Comombo é interessante, sobretudo em
função do museu do crocodilo. Uma pena que se tenha de fazer tudo dentro do
ritmo do guia. Nas paredes há inscrições bastante interessantes que mereceriam
uma visita mais aprofundada, mas o tempo foi curto.
Pretendíamos ainda tomar um café egípcio com Mohammed,
mas o malvado sumiu e Katrin e eu, depois da visita ao museu do crocodilo,
ficamos andando como baratas tontas e nada de encontrar Mohammed. Quando já
estávamos desistindo e resolvendo voltar ao navio, ele veio ao nosso encontro
praticamente na entrada para o navio, com o que o programa do café ficou para o
dia de São Nunca.
Com certeza de noite haveria novamente alguma festa de
dança de alguma coisa, mas eu me recolhi: decididamente não estava ainda em
condições de grandes vôos.
Depois da visita ao templo, o navio novamente partiu
para o pernoite em Edfu, como havia sido na ida. Assim fomos no domingo de
madrugada novamente acordados pelo muzaidim chamando os fiéis para as orações.
Domigo, nosso último dia no navio, foi aniversário de
Katrin. Assim logo cedo já a cumprimentei e Mohammed veio dizendo que a
tripulação havia organizado uma surpresa para a noite.
A passagem pela eclusa foi por parte dos vendilhões
menos concorrida do que na ida, mas isso pode ser pelo fato de os chineses
serem menos interessados em grandes negócios fluviais do que os argentinos.
Vendilhões oferecendo mercadorias na eclusa
Ao chegarmos em Luxor fomos visitar o templo que ficou
faltando. Interessante, mas já tudo com gosto de final de festa.
De minha parte, o que mais gostei no Templo de Luxor
foi saber que havia na antigüidade uma avenida de esfinges, de três quilômetros
de comprimento, que levava do Templo de Luxor ao Templo de Karnak. Estão
tentando recuperar essa alameda. Os respectivos pontos iniciais já foram
desencavados.
Alameda de esfinges de três quilômetros que levava do
templo de Luxor ao templo de Karnak
De noite, depois do jantar de fato teve uma surpresa
para Katrin: um bolo e dança, como se vê no filminho.
Aniversário de Katrin no navio
No dia seguinte, logo depois do café-da-manhã, o transfer me levou de volta ao aeroporto de Luxor, onde sem problemas embarquei então de volta para a cidade do Cairo.
Muito interessante sobrevoar o deserto, onde se vêem coisas, que não se tem a menor idéia do que possa ser:
Sobrevoando o Sahara
Em Cairo tomei um chá de aeroporto, sentada entre o
nada e o coisa alguma, sem internet, sem café, sem comida, enfim, sem nada,
esperando meu lugar no vôo de volta a Frankfurt.
Nisso vejo uma mulher com três crianças pequenas que também
se apresentou ao vôo. Logo em seguida também eu fui chamada e meu assento era
bem junto da mulher com as três crianças.
Ela era sudanesa casada com um alemão-sudanês, com o
que as três crianças eram também alemãs. O marido havia levado a família toda
para as férias de verão no Sudão e, na hora da volta, passou a mão no
passaporte de todos eles e voltou sozinho para a Alemanha, abandonando a família sem dinheiro, sem documentos, e isso aparentemente por ter arrumado outra na Alemanha.
Com muito custo a mulher conseguiu um passaporte
temporário para as crianças junto ao consulado alemão no Sudão e com o auxílio
dos familiares embarcou com as crianças de volta à Alemanha, praticamente com a
roupa do corpo, o que já era ruim, pois para as férias havia levado só roupas
de verão e já estávamos no meio do outono.
Gostaria muito de saber como terminou essa história.
Por sorte ela tinha amigos alemães que a estava esperando no aeroporto.
A sudanesa com seus três filhos. Espero que estejam bem.
Para terminar essas anotações tive de rever as fotos
da viagem ao Egito e confesso que me deu vontade de fazer essa viagem
novamente.
Mas antes ainda há muitas outras viagens pela frente.